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O que diz o mapa político de Santa Catarina; confira

Pleito confirma o PL como o maior partido do estado com 90 prefeituras

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O que diz o mapa político de Santa Catarina; confira
Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil

O mapa político de Santa Catarina está definido para os próximos quatro anos, mas, principalmente, para as pretensões dos partidos visando 2026. Numa leitura simples, o pleito confirma o PL como o maior partido do estado com 90 prefeituras, seguido pelo MDB com 70, Progressistas com 53 e o PSD com 41 municípios.

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Os liberais ainda podem crescer mais dois, já que Carmen Zanotto, eleita em Lages, deverá trocar o Cidadania pelo PL, e o prefeito reeleito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD), já está com “dois pés” no Partido Liberal. Só resta saber se seguirá informalmente, sem se filiar, ou se formalizará o “casamento” que todo mundo já sabe que há.

Agora, é importante fazer uma leitura mais aprofundada sobre o que dizem esses números: o PL tem como aliados hoje o Progressistas e o MDB. Enquanto o primeiro está acordado com o governador Jorginho Mello (PL), visando um espaço na majoritária em 2026, os emedebistas, que perderam muitos municípios para o PL — o que os levou a baixar de 96 prefeituras para 70 —, terão que avaliar entre a busca pelo protagonismo ou se acomodar e ficar no varejo, contentando-se com cargos no governo.

O resultado obriga o MDB a fazer essa conta: mantém-se na base do governador, ou se afasta e busca outro caminho, de modo a garantir um equilíbrio de forças no estado e a possibilidade de vislumbrar um protagonismo no pleito estadual. É possível até dizer que essa será a decisão mais importante do partido desde a morte do ex-governador Luiz Henrique da Silveira.

Dependendo do que os emedebistas definirem, poderão encontrar parceiros como o PSD, o Novo e o União Brasil, que, somados, chegam a 53 municípios. O que parece pouco não é. Ao contrário do Progressistas, que concentrou suas vitórias em municípios pequenos, o Novo, em Joinville, e o PSD, em vários municípios, conquistaram prefeituras de grande porte, com grande densidade.

Para ter uma ideia, os liberais passarão a ter nove municípios grandes. O PSD terá sete, o MDB apenas dois, e Cidadania e Novo, um cada. Ainda, no geral, somados os 70 municípios dos emedebistas com os 53 desse grupo, seriam 123 prefeituras.

O fato é que essas peças devem começar a se movimentar, de fato, até o final do ano. Enquanto isso, Jorginho deverá analisar o cenário com mais calma, sem a pressa de abrir o governo após o resultado de ontem, porém, planejando quantos espaços mais oferecerá para manter os emedebistas sob controle.

Bolsonarismo

A eleição em Santa Catarina provou duas coisas: primeiro, que o bolsonarismo não é mais o mesmo, tendo perdido muita de sua força. E segundo, que a eleição, na maior parte dos municípios, voltou à vida real, ou seja, ser ou não bolsonarista não fez tanta diferença.

Mas como não houve onda, se o PL fez o maior número de municípios? Isso não foi determinante. Caso ainda fosse, os resultados em Balneário Camboriú, Criciúma, Jaraguá do Sul e Joinville teriam sido outros, todos a favor do PL. A questão foi o fator local.

Eleição de Topázio

A reeleição do prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD), conforme já escrevi, foi muito mais pela fragilidade de seus adversários do que pelo seu próprio mérito. A questão é: Topázio seguirá no PSD a pedido do governador Jorginho Mello, para ser um braço do PL dentro do partido, no caso, uma voz divergente, ou assinará ficha no Partido Liberal?

Jorginho, que terá o controle da gestão de Topázio, pensa em lançar o prefeito em 2026 para disputar a Assembleia Legislativa. É por isso que Jorginho comemorou tanto a vitória de Topázio, já que a tendência é que o prefeito renuncie daqui a dois anos para disputar outro cargo, deixando a Prefeitura nas mãos de Maryanne Mattos (PL).

Força para 2026

Dois nomes saem das eleições municipais na condição de, obrigatoriamente, ter que disputar o pleito de 2026 na majoritária. O primeiro é o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), que se elegeu para o seu quarto mandato com 83% dos votos válidos. Ele já é visto pela Casa D’Agronômica como o principal adversário do governador Jorginho Mello (PL) para 2026.

O outro é o prefeito Adriano Silva (Novo), que se reelegeu em Joinville no primeiro turno com 78,69% dos votos. Rodrigues e Adriano, ambos com boas avaliações de seus mandatos e com a votação expressiva que fizeram, já deverão iniciar as discussões sobre o pleito de 2026.

Vitória de Egídio

O deputado estadual delegado Egídio Ferrari (PL) se elegeu no primeiro turno em Blumenau graças ao seu trabalho. Ele pouco contou com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. Neste caso, foi um sinal de que o bolsonarismo não fez falta.

Desidratando

O PSDB, que chegou a governar 32 municípios no estado, terá apenas 13 prefeituras a partir do ano que vem. Essa situação somente agrava o processo de desidratação dos tucanos, que, a partir de 2018, começaram a ser engolidos pelo bolsonarismo.

A derrota mais significativa foi a do ex-senador Dário Berger, que fez uma eleição medíocre, muito aquém de seu currículo. Além dos tucanos, o União Brasil não conseguiu o resultado esperado e ficou com 9 prefeituras. O Republicanos, apêndice do PL no estado, fez apenas 4 prefeitos. O Podemos fez três, e o Cidadania, dois.

E o PT?

O Partido dos Trabalhadores sofre uma de suas maiores derrotas em Santa Catarina. Cai de 16 para apenas sete municípios, desses, nenhum de grande porte. Isso se deve à falta de planejamento, ao fato de que o presidente estadual, Décio Lima, insiste em acumular a presidência do Sebrae nacional com o comando petista aqui no estado, além do grande problema do PT, que é a comunicação.

O partido ainda não encontrou uma forma de se comunicar com o eleitor catarinense que não está na sua bolha. Com esse número, é impossível para o PT pensar que terá uma candidatura competitiva ao Governo do Estado em 2026.

Mudança na Alesc

Ontem, três deputados estaduais foram eleitos para o cargo de prefeito a partir de 2025. Isso quer dizer que a Assembleia Legislativa passará a ter três novos nomes como titulares.

Para o lugar de Egídio Ferrari (PL), eleito em Blumenau, assumirá o atual vice-prefeito de Camboriú, Júnior Cardoso (PRD). Para os lugares de Estêner Soratto Júnior, que se elegeu em Tubarão, e Edilson Massocco, em Concórdia, ambos do PL, assumirão Maurício Peixer e Alex Brasil.

Bancada federal

Em Brasília, a suplente Geovânia de Sá (PSDB) passará a ter o mandato no lugar de Carmen Zanotto (Cidadania), que se elegeu em Lages. Carlos Chiodini (MDB), Ricardo Guidi (PL) e Pedro Uczai (PT) retornam para a Câmara dos Deputados, após terem perdido nas eleições municipais.

De pai para filha

Ao eleger Juliana Pavan (PSD) para a prefeitura de Balneário Camboriú e Leonel Pavan (PSD) para prefeito de Camboriú, a família Pavan mostra que ainda tem muita força na região. Juliana se elegeu com 42,30% dos votos, enquanto o ex-governador Pavan, com 44,47%. Após eleitos, eles fizeram um gesto simbólico ao se encontrarem no meio da ponte que liga os dois municípios.

A campanha

A campanha de Juliana Pavan (PSD) em Balneário Camboriú foi muito competente. Sua equipe de comunicação entendeu o perfil da então candidata e fez uma campanha leve, aproveitando o carisma que ela tem.

Isso fez com que a população, logo de cara, aderisse ao seu projeto. Para somar, Peeter Lee Grando (PL) enfrentou muitas resistências durante o pleito. Com o resultado, o atual prefeito Fabrício Oliveira (PL) sai extremamente enfraquecido. É dito que seu futuro será como secretário no Governo do Estado.

Força de Clésio

O prefeito afastado de Criciúma, Clésio Salvaro (PSD), mais uma vez mostrou a sua força política. Não é a primeira vez que Salvaro é determinante para a eleição de um prefeito. Em 2012, reelegeu-se com 76,48%, mas não assumiu. Teve a candidatura indeferida. Pegou Márcio Búrigo pela mão e o elegeu com 72,27% dos votos.

Agora, foi a vez de Vaguinho Espíndola (PSD) ser catapultado por Salvaro para a cadeira de prefeito. Vale destacar que, além de Clésio, o deputado estadual Júlio Garcia (PSD) também teve um papel importante na vitória de Espíndola, que se mostrou o mais preparado para vencer o pleito.

Imbróglio em Criciúma

A derrota de Ricardo Guidi (PL) complica a sua vida política. Acontece que Criciúma não comporta três deputados federais do mesmo partido, portanto, algumas mudanças deverão ocorrer.

Por exemplo, é possível que ele não dispute a reeleição e tenha que buscar uma vaga na Assembleia Legislativa. Ou, será que vai querer enfrentar Júlia Zanatta e Daniel Freitas?

Vitória de Orvino

O prefeito de São José, Orvino de Ávila (PSD), conseguiu se reeleger para mais um mandato. Destaque para a sua campanha, coordenada por Maurício Locks, que, através de um forte trabalho de comunicação, conseguiu desconstruir a imagem que a campanha do PL tentou criar para Adeliana Dal Pont — de que ela seria bolsonarista e conservadora — com o intuito de angariar os votos do bolsonarismo.

Se Adeliana tivesse focado no seu histórico, ao invés de criar um personagem, poderia ter tido um desempenho melhor na eleição. Tanto que é possível dizer que ter ido para o PL foi um grande erro. Antes, ela deveria ter ido para o MDB ou Progressistas, que não a teriam obrigado a adotar a pauta do bolsonarismo. Já Orvino, com a vitória, começa a ganhar mais força dentro do partido.

Marcelo Lula é jornalista e radialista. Atuou em emissoras de rádio e jornais no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Atualmente, faz comentários na Condá FM de Chapecó e na Rede Guararema de Rádios.

O jornalista tem se destacado por furos de fatos de grande repercussão em Santa Catarina, além de matérias investigativas e revelações dos bastidores de importantes investigações e da política.

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