O MDB quer voltar às suas origens e assumir o caminho do meio, para fugir da polarização entre PL e PT. Lideranças catarinenses do partido me disseram que já há discussões em Brasília para que o partido comece a ter posições que mostrem ao eleitor que os emedebistas são uma alternativa para o que está posto no cenário político. “A nossa direção nacional precisa dar discurso ao partido”, destacou uma das lideranças.
Para um dos emedebistas com quem conversei, é preciso ter coragem para apresentar um discurso contra o que chamou de “fanatismo exacerbado” e mostrar que muitas pautas que são apresentadas hoje já pertenciam ao partido. “A direita usurpou algumas bandeiras que não lhe pertencem. Contra o aborto e as drogas, a maioria da população é contra, até mesmo quem não é de direita. Além disso, também há as pautas de costume. Há muitas coisas parecidas, mas não somos próximos porque não somos radicais”, afirmou.
A comparação com a direita seguiu com outro emedebista que afirmou que o seu partido debate os assuntos de forma democrática, enquanto no PL não há debate, há quem manda. “É de cima para baixo, no MDB não é assim”, destacou. Essa liderança, experiente no MDB, entende que o que faltou ao partido é uma posição mais firme em relação aos temas de costumes.
Mas para quem pensa que as falas desses emedebistas levam o partido para a direita, a verdade é que as mesmas lideranças entendem que o MDB também é a favor das pautas de gênero e do respeito à diversidade. Também na defesa das mulheres, na equiparação dos salários entre homens e mulheres, o que tem sido defendido pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, que foi a candidata do partido à Presidência da República, o que faz com que as lideranças emedebistas acusem o PT de também ter se apropriado de pautas que o MDB defende.
“O PT se apropriou de algumas pautas e o PL de outras. Sem dizer que estamos mais próximos de um ou de outro, o que posso dizer é que temos que construir o nosso caminho, o que se refletirá aqui no estado fortemente afetado por essas ondas da extrema-direita”, disse um dos emedebistas.
Repetindo o que foi dito à coluna por outras lideranças do MDB há alguns dias, o partido precisa começar a se impor aqui no estado, para ter o seu projeto próprio visando 2026. Para que isso dê certo, as fontes entendem que é necessário fazer, no mínimo, 80 prefeituras neste ano, valor bem abaixo do que foi conquistado nas eleições passadas, mas que deixaria o partido numa posição de protagonista do processo eleitoral.
Quando questionados sobre os nomes do partido para a majoritária estadual, eles concordam com o que já foi dito à coluna: os deputados federais Carlos Chiodini e Valdir Cobalchini, além do presidente da Assembleia Legislativa, Mauro De Nadal.
Cruzando o sangue?
O governador Jorginho Mello deu um claro sinal de que o Partido Liberal deve apoiar o projeto de reeleição do prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD). Os dois partidos que poderão protagonizar grandes disputas futuras devem cruzar o sangue em alguns municípios.
“Para você continuar sendo prefeito, para que a gente possa continuar construindo juntos tantas e tantas coisas que Floripa precisa”, disse Jorginho abraçado a Topázio.
Em Chapecó, também?
O prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), comemorou o seu aniversário como de costume. Todos os anos faz um grande evento em seu sítio. Entre os presentes estavam os deputados estaduais Júlio Garcia (PSD), Ana Paula da Silva, a Paulinha (Podemos), Ivan Naatz (PL), Napoleão Bernardes (PSD) e Altair Silva (Progressistas).
Além disso, também estiveram presentes outras lideranças, prefeitos e vereadores desses mesmos partidos, incluindo o União Brasil. O que chamou a atenção foi a presença do PL local, através do presidente Leandro Sorgatto. Pelo visto, os liberais realmente não entrarão em campo contra Rodrigues nesta eleição.
Ato em Concórdia 1
O segundo maior município do Oeste, Concórdia, teve um forte movimento político neste final de semana. O PL, que tem o deputado estadual Edilson Massocco como o seu pré-candidato a prefeito, filiou lideranças da região.
Foram 47 vereadores, a prefeita de Arabutã, Leani Schmitt, o vice-prefeito de Alto Bela Vista, Edson Steckling, o vice-prefeito de Caibi, Leonardo Gallon e o vice-prefeito de Zortéa, Alesandro Moro. O governador Jorginho Mello (PL) também esteve no evento e deixou claro em sua fala que Massocco é o nome do partido.
Ato em Concórdia 2
O PSD filiou o prefeito de Concórdia, Rogério Pacheco, que chegou a presidir o PSDB em Santa Catarina. Vereadores também foram filiados, incluindo Fabiano Caitano, pré-candidato a prefeito de Concórdia. “O partido está muito feliz de receber o Rogério Pacheco. Ele é uma grande liderança estadual; não é à toa que foi presidente estadual do PSDB. A vinda dele só confirma a ascensão que o PSD vive em todas as regiões do estado”, reforçou o deputado estadual Napoleão Bernardes, que assume hoje a presidência estadual do PSD, até o retorno de Eron Giordani, que passou por uma cirurgia na coluna. O partido se organiza para a filiação do prefeito de Araquari, Clenilton Pereira, que também estava no PSDB.
Sem renúncia
A Câmara de Vereadores de Florianópolis vota hoje uma Proposta de Emenda à Lei Orgânica, de autoria da vereadora Carla Ayres (PT). Se aprovada, permitirá aos vereadores assumir temporariamente o mandato de deputado estadual, federal ou senador, na condição de suplente, sem precisar renunciar ao mandato. A obrigatoriedade da renúncia se dará apenas quando assumir definitivamente, o que atualmente já é previsto em lei.
Marcelo Lula é jornalista e radialista. Atuou em emissoras de rádio e jornais no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Atualmente, faz comentários na Condá FM de Chapecó e na Rede Guararema de Rádios.
O jornalista tem se destacado por furos de fatos de grande repercussão em Santa Catarina, além de matérias investigativas e revelações dos bastidores de importantes investigações e da política.